segunda-feira, 19 de abril de 2010

Personagem: Elemento da Narrativa


Os dois elementos sem os quais a narração não pode se articular são as personagens, isto é, os seres que vivem a história narrada, e também o enredo: o encadeamento de ações que a estrutura.




Tipos de personagens

Você já sabe que normalmente o enredo de uma história se baseia num conflito. Pode-se tratar de um conflito de interesses ou de desejos entre personagens, do (s) personagem (ns) com o mundo, ou ainda, do (s) personagem (ns) consigo mesmo (s).

Na montagem do conflito, há personagens protagonistas e antagonistas, que são as personagens principais.

Além destes, há personagens-ajudantes, que auxiliam na percepção do tipo de conflito, dos jogos de interesses, enfim, dos elementos estruturais da história.

Lembremos de Caso de Secretária, neste texto, a narrativa se estrutura em função de um suposto conflito de desejos entre protagonista (o aniversariante) e antagonistas (a família). No entanto, no desfecho percebemos que na verdade se trata tanto de um conflito quanto de um antagonismo aparentes, e não reais, o que contribui com o comentado desfecho inesperado da história e também com seu tom de leveza e humor.

Tal percepção ocorre por meio do comportamento da secretária, que primeiro intensifica e depois dilui o pretenso conflito ... Ela é, portanto, um exemplo de personagem-ajudante. Repare que a menção desta personagem no título do conto sugere a importância que possui, para a compreensão da história.




Modos de apresentação de personagens

Há dois modos clássicos pelos quais o narrador apresenta as personagens numa história: apresentação direta ou apresentação indireta.

1. a apresentação direta acontece por meio da descrição (que pode ser de traços físicos e/ou de traços psicológicos: sentimentos, pensamentos etc)
Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de viver e de fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando.

2. a apresentação indireta acontece por meio de falas e de ações das personagens:
‘O senhor vai comemorar em casa ou numa boate?’
Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma.




A apresentação das personagens

Numa narrativa bem construída como a de Caso de Secretária, percebemos que as personagens possuem uma história além daquela que conhecemos por meio da matéria narrada. O protagonista, por exemplo, refere-se no 1º parágrafo a comportamentos da família anteriores ao momento em que se inicia a história. No final, ficamos imaginando sua expressão de surpresa e talvez de um certo vexame, enquanto recebe a surpresa.

Assim, para tornar mais bem escrita e verdadeira a história que vamos contar, devemos tentar inseri-la no conhecimento que temos do mundo, imaginando como as personagens eram antes do conflito que pretendemos elaborar, e também como seriam após a última linha do texto. Se conseguirmos esse grau de verossimilhança na lógica do texto – associando-a à lógica do real – transformaremos nossa história naquilo que é, de fato, uma história: um flash na vida de alguém, que talvez possa mudá-lo parcial ou totalmente, mas que não deixa de ser um flash... desta forma, não há dúvida de que nossos leitores ficarão mais atentos e interessados naquilo que estivermos contando.

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